O ministro da Fazenda, Joaquim Levy,
afirmou hoje que os principais riscos que pesavam contra a atividade no país
foram reduzidos e que a economia brasileira está se reequilibrando. Para uma
plateia de centenas de empresários na Amcham, em São Paulo, o ministro afirmou
que o ajuste fiscal está avançando e o defendeu dizendo que não foram as
medidas de contenção que provocaram a parada da economia neste ano.
“A primeira observação que precisamos
fazer é que a economia está se reequilibrando. Os principais riscos que
existiam no começo do ano, se lidou com eles com clareza”, afirmou. Entre esses
riscos, Levy citou o risco de a Petrobras não publicar seu balanço, o de um
apagão de energia elétrica. “Havia um risco de ninguém tomar banho ou acender
luz, por causa de grande apagão”, disse, num momento bem humorado. Outro risco
era o fiscal e a possibilidade da perda de grau de investimento dado pelas
agências de classificação de risco. “Eu diria que esses riscos foram
grandemente reduzidos, se não foram completamente eliminados”, disse.
Levy reiterou que, no caso da
Petrobras, a resposta dada pelo governo, de que o Tesouro não faria nada para
salvar empresa continua válida. “Hoje vemos a Petrobras que, com enorme choque
no mercado, está encontrando caminhos para ser mais ágil”. Quanto à política de
preços, fez-se o que é certo, afirmou, ou seja, o governo se afastou. “A
definição de preços cabe à empresa”.
Ajuste fiscal
Levy ainda lembrou da volta da cobrança
da Cide, por necessidade fiscal, o ajuste de preços da energia elétrica, que
deu novo fôlego para as distribuidoras, e o próprio ajuste fiscal que, segundo
ele, foi mais inflexão do que “extraordinário aperto”. “O balanço primário
estrutural vinha se deteriorando desde 2012, nós estancamos a deterioração e,
aos poucos, vai melhorar.
Não foi ajuste que fez economia parar,
a economia já vinha parando. A recessão começou em 2014”, defendeu. O ajuste,
disse, está avançando e isso deve fazer a economia caminhar.
O ministro afirmou que o ajuste fiscal
ainda pode contemplar ações tanto no lado da despesa quanto da receita. Mas ele
não entrou em detalhes sobre o que pode ser feito para reforçar o ajuste. “Há
trabalho a ser feito no lado da despesa e, eventualmente, do lado da receita
também”, disse, ao responder a pergunta de um empresário da plateia.
Levy reiterou ter o apoio da presidente
Dilma Rousseff na agenda do ajuste. “A deterioração fiscal foi muito grande e
temos questão da dívida. O custo para as empresas, se tropeçarmos nisso, é
muito grande. A presidente está convicta da necessidade dessa prioridade”,
afirmou, acrescentando que a presidente “teve a coragem de por em segundo lugar
sua popularidade e em primeiro as coisas que o país precisa para continuar
avançando”.
Ainda segundo Levy, o país terá que
fazer escolhas sobre quais despesas obrigatórias terá que cortar.
(Tainara Machado | Valor)