Trabalhando no meio de concursos há muito tempo, fico sabendo de muitas histórias relacionadas às trajetórias das pessoas: aprovados, desistentes, concurseiros. Ainda hoje me surpreendo com como as pessoas reagem aos acontecimentos do caminho, e observo quanto a atitude de cada uma, muito mais do que as valas ou pedras que surgem, define para onde a estrada seguirá.

Afinal, quando desejamos ir a algum lugar, buscamos no mapa os caminhos possíveis ou preocupamo-nos com aqueles que não poderemos utilizar? Então, a atitude diante de qualquer projeto deveria ser essa: buscar as soluções viáveis e não o que impediria você de seguir. A menos que você não queira mesmo seguir, e esteja procurando uma boa desculpa para ficar onde está. E acredite, sempre haverá boas justificativas para ficar.

Mas, a vida está lá adiante, no desconhecido, no não trilhado, no movimento. E é a cada passo que se descobre o passo seguinte. Não dá para saber tudo de antemão. Não dá nem mesmo para enxergar o caminho muito lá na frente, porque ele tem curvas. Tem de ser aos poucos.

E não pense que só há fossos e dragões na sua estrada. Cada um tem seus bichos de estimação, e somos criativos nisso (brincadeira, sei que a vida por vezes é muito dura). Sendo mais clara, todo mundo enfrenta dificuldades quando quer conquistar algo mais significativo. São limitações financeiras, falta de tempo, família para cuidar, problemas de saúde, medos, enfim, as opções são variadas e, muitas vezes, assustadoras. A questão é que a gente pode ficar agarrada às pedras e não dar mais passo algum. Ou dar um jeito de seguir, pulando ou contornando os obstáculos. Porque sempre há uma brecha por onde passar.

Parece que lá adiante tem uma vida mais interessante, com mais possibilidades. Acho que vale tentar.

Veja algumas situações desafiadoras, que acontecem com quem faz concursos:
 1 - Você já se prepara há algum tempo, saiu um bom edital, e você achava que estava em excelentes condições. Fez a prova, mas quando conferiu o gabarito descobriu que o resultado ficou muito abaixo do esperado.

2 – Você não foi aprovado/a por pouco, talvez por uma questão. Ou, mais doloroso ainda, pelo critério de desempate, o que significa que não havia diferença de pontos entre você e o último classificado dentro das vagas do edital. Acontece.

3 – Você não concordou com o critério de correção da prova. Talvez questões fora do programa ou gabarito incorreto.

Bem, é importante apresentar recurso para tentar reverter o gabarito incorreto, entrar na justiça, denunciar irregularidades. Mas, o fato simples é que você não conquistou a aprovação, seja por qual motivo for. Portanto, independentemente do que fizer, retome os estudos!

Ficar lamentando os motivos do insucesso é uma forma de manter-se na paralisia. É uma maneira de culpar o mundo por não ter conseguido, e consumir uma quantidade absurda de energia com isso. Imaginar o quanto está perdendo de salário - porque uma vaga deveria ter sido sua -, fantasiar como poderia estar a sua vida, são armadilhas que você constrói para se aprisionar na situação. Para algumas pessoas, e não só nos concursos, desfilar seu sofrimento com requintes de detalhes dá a sensação de ser importante e de receber atenção; de certa forma, sentem-se fazendo justiça. Mas estão abrindo mão de saborear o prazer das verdadeiras conquistas e realizações.

Gostaria de alertar que isso não traz a aprovação nem muda a sua vida. Tem mais uma coisa: você se torna uma pessoa chata, lamurienta. E o tempo passa. Pode ser que você tenha razão, pode ser que o concurso devesse ser anulado, pode ser que você ganhe a vaga na justiça, pode ser uma porção de coisas. Mas tudo isso é incerto e demora muito. Nem sempre a vida é justa.

Por outro lado, você pode parar de olhar para trás e focar outra vez no caminho, estudando com mais qualidade ainda. Porque esta é a forma garantida de conseguir a sua vaga. E isso, mais do que qualquer outra coisa, vai reparar o sofrimento passado. É o que está nas suas mãos. E, certamente, é a solução mais rápida. Muito antes de a justiça decidir o seu caso, por exemplo, você estará aprovado em outro cargo e já recebendo salário.

Portanto, pense bem: você quer, mesmo, passar num bom concurso? E está disposto a fazer o que é preciso para isso, ou apenas gostaria que isso acontecesse a você, como uma loteria ou um sorteio?

Qual é a história você quer contar? Ou melhor: qual é a história que você quer viver?

Fonte: G1
http://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/blog/tira-duvidas-de-concursos/